quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O Emigrante

 

Longe da pátria, longe do coração…Estará na pátria aquilo que define o português, ou é apenas esse sentimento de saudade, quase físico, que o define acima de todos os outros? O Emigrante, mais do que enquadrado num tipo social, é o definidopelo seu estado emocional e a motivação. Nada de muito de diferente se caracterizarmos outros emigrantes de outras pátrias. Todos eles possuem aquela alegria de que a sua pátria é a melhor e a mais abençoada, sempre que se cruzam e dialogam  com outros compatriotas longe do “berço”.

 

Viajando um pouco, e não escondendo o sotaque luso, facilmente se encontram portugueses a conduzir um táxi, a servir à mesa, empregados de limpeza, recepcionistas, vendedores. Sintomático ou não, mais facilmente se encontram portuguese serventes do que portugueses dirigentes. Em todo o caso, dirigindo ou não o seu negócio, aquilo que realmente dirigem é a sua vida. Seja a limpar ou a esfregar, a conduzir ou a servir, todos eles enfrentam o desafio da sobrevivência e da adaptação. Chegar a um novo lugar, aprender uma nova lingua, sem que o clima adverso ou a comida inimiga do paldar sejam obstáculos, e começar o seu sonho do inicio, confiando apenas no poder das suas mãos, na inteligência e na capacidade de adaptação, essa é a verdadeira força do EMIGRANTE. Olhar para a palma das mãos, sentir a força e a intensidade necessárias para transfomar qualquer mundo, e meu Deus como essa sensação é poderosa!, para que a coragem que permite enfrentar qualquer elemento flua pelas veias, dando ao corpo e à razão o “fogo” necessário para sobreviver em qualquer meio, é tudo aquilo que o verdadeiro EMIGRANTE precisa.

 

Precisamos de mais EMIGRANTES no nosso país, de pessoas com essa “força transformadora”, que superem o maior obstáculo de todos em Portugal: a letargia de espírito. Afinal, se olharmos com alguma reflexão, a maior parte nós, mais do que habitantes, somos TURISTAS no nosso próprio país!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

VOTO EM BRANCO, VOTO EM MIM

 

Porque posso!

 

Porque não faço depender as minhas decisões e a minha esperança de nenhum político qualificado ou inqualificado.

 

Porque tenho leio, investigo, penso, reflicto e com a minha racionalidade procuro a minha autonomia.

 

Porque tenho uma razão, um corpo e um coração, e para coordená-los, a ambição de ser livre.

 

Porque acredito no que posso fazer com as mãos, com os braços, com cada milímetro da minha vida, e porque tudo se resume ao esforço de adaptação e à capacidade de superação individual.

 

Porque são precisas ideias novas, mesmo que más e criticaveis. O novo tem capacidade de se endireitar, o velho é que não!

 

Porque é tempo de deixar para trás as ideias que nos atrasam, o Estado Novo, o Salazar, o 25 de Abril, o Mário Soares, o Cunhal, os Comunistas, os Fascistas, o Sócrates, a Ferreira Leite, o Cavaco, o PSD, o PS, o PCP, o CDS, o BE, o Zé Povinho, a Saudade, o fado melancólico, e oxigenar o sangue da nossa sociedade com novas figuras, novas ideias e com um novo fado. Colocar na memória passada essas figuras e tempos, agradecer-lhes, e na memória presente abrir espaço para novos horizontes.

 

Se o voto é a arma da democracia para a revolução, então que seja, e que ele liberte o presente do passado que insiste em ser futuro.

 

Há alturas na nossa vida que encontramos o nosso destino parado, a fixar-nos olhos. Ou se aceita o desafio e o capturamos, ou se deixa que ele escape, e continuamos a ser escravos do tempo, da chuva, do sol, do vento, do acaso e, e sobretudo daqueles e da sua bondade, que até aqui nos têm governado.

 

É altura de marcar a mudança e o começar em branco!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

OCaus na California - Las Vegas

What happens in Vegas, Stays in Vegas!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

OCaus na California – São Francisco

Pousado o avião, tempo apenas para ligar a ignição do carro e viajar de malas e bagagens para São Francisco. São cerca de 33 minutos de viagem por uma daquelas auto-estradadas dos EUA com 6 faixas em cada sentido.

São Francisco aparece primeiro na encosta de uma colina, apenas para mostrar a sua zona industrial, escondendo-se de seguida até reaparecer com os majestosos edifício da zona financeira. A vista torna-se algo repetitivo para quem já viajou para outras cidades nos EUA, já que não é mais que ver mais um skyline de edifícios rectangulares com 30/40 andares de betão armado. A primeira paragem foi numa das muitas docas ao longo do litoral norte de San Francisco, a famosa pier 39, onde se pode encontrar o famoso restaurante Bubba Gump, do filme Forrest Gump, vislumbrar Alcatraz e a ponte Golden Gate ao longe, e observar os leões marinhos que se estabelecem na doca à apanhar Sol e à espera do peixe dos pescadores para comer. Pode-se provar aqui um prato típico americano que não é frito nem feito com carne picada: o white clam, que é uma espécie de creme de mariscos servido numa taça de pão. O pão sabe a plástico, mas valeu o esforço, e dado a ventania constante em San Francisco, um white clam quentinho aquece bem a tripa. Para além disto, acredito que o marisco seja bom.


Acaba-se o marisco e olhando para sul, fica claro que San Francisco é uma cidade de altos e baixos. No entanto, nesta cidade há pessoas que estão claramente em alta, ou pelo menos mais em alta que as outras pessoas, a julgar pela grande quantidade de bandeiras de orgulho gay, maiores que as bandeiras americanas, penduradas em todos os edifícios das principais avenidas, e pelos cartazes de anúncios em autocarros e afins, de desodorizantes mostrando homens e seus boyfriends. Não percebi se o desodorizante anunciado era masculino ou feminino. A propósito, quem estiver interessado(a), este sábado 27 de Junho, vai decorrer em San Francisco mais uma Gay Parade. Quem gostar de ver homens nus numa cidade ventosa a exibirem-se venha até cá. OCaus irá fazer reportagem noutro sitio, mais a Sul em LA.


(Dia 2)


Não existe verdadeira experiência americana sem experimentar ser parado pela polícia americana. Aqueles que julgam que auto-estradas e avenidas de 6 faixas dá para fazer tudo, desenganem-se, pois a polícia, ao contrário de Portugal onde se viaja do Minho ao Algarve sem ver um polícia, patrulha tudo e é frequente ver carros a serem parados na auto-estrada pela polícia. Para todos aqueles que sejam parados pela polícia americana, é “importante” que mantenham as mãos no volante até o agente chegar ao carro e não façam nenhum movimento com as mãos sem a autorização deste, já que se repararem a sua mão está sempre no coldre, aberto, pronto para sacar da arma. Neste caso, houve apenas reprimenda pela infracção e o juramento:”While you are in the US, you must obey the US law, otherwise….”



domingo, 21 de junho de 2009

OCaus na Califórnia – Perseguindo a Noite

Oceano Atlântico, 20 de Junho de 2009

 

Neste momento são 13 horas segundo o relógio do meu laptop. Perdão! Parece que passámos mais um meridiano e já só 11horas…Sob céu diurno, sobre o Oceano Atlântico Norte e em perseguição da sombra da noite que se encontra umas horas à nossa frente progredindo lentamente para Este, aqui começa o relato da viagem que vai levar “OCaus à Califórnia”. A bordo de um boeing 777 e a uma altura de 32000 pés (cerca de 10km), OCaus progride a uma velocidade de 536 Milhas/h em direcção ao seu destino, São Francisco, Califórnia. Eram 10h53m quando o avião descolou desde o aeroporto de Heathrow em Londres para uma viagem de 5360 milhas que deve demorar 11 horas.

 

O titulo deste relato, “OCaus na Califórnia”, começa a parecer-me desactualizado, dado as complicações para embarcar. Entre questionários online*, formulários, perguntas dos assistentes de bordo, já tive que responder 3(!) vezes à pergunta: ”Are you a terrorist?”. Questiono-me de imediato se realmente conseguirei levar “OCaus à Califórnia”? Afinal os EUA são, desde o final da Segunda Guerra Mundial, o país que mais semeia o “CAUS” por esse mundo fora, entre guerras, colapso financeiros, patrocínios de revolução, tudo em nome de uma “Ordem “mundial.

 

Freud quando entrou pela primeira vez nos EUA e questionado pelos serviços alfadengários se transportava algo de perigoso, nocivo com ele, respondeu: “Trago-vos a peste”. Aqui a peste era a psicanálise, o pensamento abstracto para uma cultura em que o imediato e material é extremamente importante. O relevente aqui é a reacção temerária face a culturas, pensamentos desconhecidos que Freud sabia que ia provocar e que se verificou muitas vezes ao longo da história noutras escalas.

 

(13h26m ou 11h26!)

 

Oiço Tom Jobin e Elis Regina, música suave de melodia doce para tentar harmonizar o meu pensamento com essa realidade dura que são as palavras. Ainda mais a 11km de altura com a pressão a fazer nos meus canais perinasais. Mozart uma vez disse:”Tive a inspiração até que, eis que chegaram as palavras!”.

 

Voltemos ao “Caus”, neste caso, ao Caus do meu estômago depois da refeição a bordo. Questiono como é que um país que consegue fabricar mísseis balísticos, que se lançados desde Londres conseguem atingir o pára-raios do Empire State Building com uma precisão inferior ao diâmetro um cabelo humano, não consegue cozinhar uma refeição nutritiva e saborosa? O tomate sabia à salada, a salada, sabia a cenoura, a cenoura sabia a batatas, as batatas sabiam ao frango, e o frango sabia a peixe. É uma arte pelos visto ao alcance de poucos. No entanto, verdade seja dita, esteve bastante bem comparativamente a outras. Apenas pretendo ser exigente com quem posso sê-lo.

 

Voamos sobre a Islândia. A paisagem cá em cima continua celestial mas o sono não aparece!

 

(??h##m)

 

Depois de uma pequena sesta, lancho o pequeno almoço “roubado” do hotel e aproveito para escrever mais umas linhas a 906 Km/h para assim satisfazer os meus milhões de leitores, ávidos de deliciarem-se com as minhas narrativas.

 

Tento traçar um plano de viagem, tal a imensidão do trajecto e a dificuldade de espalhar e pregar OCaus. O objectivo é começar em São Francisco, percorrer a Golden Gate a pé, acampar com os ursos a Este em Yosemite, descer para Sul ao longo das praias até Los Angeles e San Diego, retornar a Norte passando por Las Vegas para apostar umas 1 conto de rés,  perder-me Grand Canyon e semear coentros e salsa no Death Valley. Se ainda houver força, passar por Napa, zona de vinhos a Norte de San Francisco, para provar os “esquisitos” vinhos californianos.

 

Apenas 2 semanas para cumprir este percurso do qual tentarei aqui dar conta tanto quanto possível.

Entretanto a noite continua inalcançavel. Não há rasto dela ou da sua penumbra.

 

(14h)

 

Aterragem no aeroporto internacional em São Francisco. O boeing desceu 36 mil pés em 10 minutos e aterrou numa pista que entra pela baía de São Francisco adentro. Os últimos quilómetros antes de chagar à pista são percorridos a uma dezenas de metro da água. Parece que vamos aterrar na água mas não!

 

Próximo capítulo: São Francisco

*Para viajar para os EUA, para além do passaporte electrónico e de fornecer a morada de destino nos EUA, é necessário preencher um formulário que está disponível on-line e guardar a referência desse formulário antes de partir, caso seja requerida pelos serviços de imigração americanos na alfândega

domingo, 22 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

O Freguês

O Freguês gosta de…servir-se. Desde muito cedo, esta personagem aprendeu as hábeis manobras da serventia e de tudo o que daí pode advir. As razões deste comportamento, do ponto de vista biológico, podem-se encontrar nos primeiros anos da vida deste especimen, mais concretamente na altura do seu aleitamento, uma vez que mamou até demasiado tarde e, na maioria dos casos, houve dificuldade em trocar a mama pelo biberão, surgindo assim, uma natural mamo-dependência. Aliás, ao longo do seu crescimento, este animal vai aprender outras formas de mamar, substituindo o peito da mãe, por outros, mais artificiais, que lhe vão providenciar um conforto semelhante. Começa logo na escola, onde estudar causa dor de costas e fazer cábulas faz mal à vista. O melhor é mesmo sentar-se perto do inteligente da turma e copiar, ou então, fotocopiar as cábulas de uma qualquer colega rapariga organizada.

Dentro dos grupos, o seu objectivo não é nem destoar nem entoar. Apenas se preocupa em estar próximo do mais popular, do “Cool”, recolher o pullover deste último quando cai dos ombros para o chão e servir de moços de recados para as namoradas, entre outros afazeres que o fazem sentir-se seguro e integrado. A liberdade individual está sempre limitada pelo grupo e, apesar de não ser daqueles com mais dificuldades de aprendizagem, a inteligência não é muito cultivada. Por outro lado, não gosta de gastar dinheiro, pode-se dizer inclusivé, que é bastante forreta, preferindo que lhe paguem as cervejas, cedam um cigarro ou emprestem uns trocos (que raramente devolve) para lanchar; é presença assídua nos espectáculos de entrada gratuita, não fosse este um bom português, e em todos os sítios onde se come e bebe sem pagar, mesmo que sejam favas com feijões. Aliás, um dos espectáculos preferidos são os acidentes na estrada. É comum poder observar este animal com o carro parado à beira da estrada para deslocar-se e observar o resultado de um qualquer sinistro rodoviário, até porque é de borla, ao vivo e não tem que pensar muito.

Os namoros são poucos, uma vez que são relações à sombra de outras que permitem sobreviver na sociedade, e chegando uma certa idade, o melhor é garantir um(a) companheiro(a) que seja fiel e disposto(a) a servir à mesa, a procurar as chaves do carro e passar o comando da televisão. Não é o animal mais carinhoso, sendo por vezes até perigoso, quando o incosciente procura expulsar toda a serventia acumulada e toda a personalidade reprimida para cima da companheira.

Sem grandes espontaneidade, e após anos de servir, quando chega a altura de arranjar trabalho ou ser promovido, o melhor é mamar mesmo na teta daqueles de quem lambeu ou lambe as botas. Fiel escudeiro, não procura ser o número 1, apenas mamar do número 1, até porque probabilisticamente, é aquele que mais leite deve ter. Os partidos políticos, juventudes partidárias, instituições bancárias, seguradoras, institudos públicos, assembleia da república, entre outras intituições de serviços, são os seus habitats predilectos, onde se sente mais cómodo e onde se podem encontrar um sem número de mamões que começam por levar resmas de papel, clips, agrafos, canetas para casa, e ao fim de um certo tempo, já sugam charutos, fatos, carros, estadias de hotel, prostitutas de luxo, viagens de férias, terrenos, casas e cartões de crédito para tudo o resto.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O Empreendedor

Este animal está actualmente declarado extinto neste lado da península ibérica, pelo que neste momento não é possivel efectuar a sua caracterização. As possíveis causas para esta catástrofe incluem causas exógenas particulares como a renda da casa, o leasing do carro, os pacotes de viagem com tudo pago ao Brasil, entre outros destinos, que agravam a tendência para a posição “barriga para o ar”, os restos de resina nos sofás e demais assentos do IKEA, e causas exógenas mais génericas como o Sol, a chuva, o vento, a neve, o Estado, a democracia e “os Outros”. De entre as causas endógenas podemos destacar, a barriga saliente e orgulhosa, o medo de perder a oportunidade do tacho, a dependêcia de algo ou alguém, a cultura do “sei tudo, não preciso de ler nada”, o sexo fácil e garantido desde demasiado cedo, a falta de coragem de pensar pela própria cabeça e para assumir esses pensamentos, as vivências demasiadamente homógeneas dos grupos sociais, entre um sem número de outros.

 

Esperemos que os fluxos de emigração e imigração actualmente existentes no território português altere a matriz genética existente e permita o aparecimento e evolução de…EMPREENDEDORES!

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Cool

O Cool deve o seu nome ao seu penteado, uma das suas imagens de marca. O gel e as pontas espicaçadas num aparente despenteado mas onde cada pormenor de cabelo é mais…cool que o outro. Esta personagem começa a definir-se na adolescência, essencialmente pela forma de vestir, com o pullover sobre as costas ou à cintura, e com os óculos da marca. O objectivo é estar na moda, mas fazê-lo de uma forma…cool, exibindo sempre uma atitude de rebeldia, de insubordinação face à autoridade. A bebida e o tabaco tornam-se elementos de definição dos grupos. Quem não fuma e não bebe não faz parte da malta fixe(a não ser que tenha boas notas). Apesar de tudo, a maioria não distingue um whisky escocês de um whisky espanhol limpa-retretes. Quando ao estudo, o pai e a mamã dão as ajudas necessárias.

Quando cresce, este animal passa por várias transformações, algumas infelizmente resultantes do álcool e outras resultantes de acidentes de viação, mas na generalidade incluem um título académico, uma vez que Engenheiro, Doutor ou Arquitecto, é o que se pretende atingir para manter o estatuto, uma garrafa nos bares do Marquês de Pombal, em Lisboa, e um carro desportivo para ajudar nos rituais de acasalamento.

O Cool, quando interrogado sobre o que gostaria de fazer na sua profissão, responde com o lábio torcido, sinal revelador que não faz ideia, até porque trabalhar não faz parte da sua natureza. No entanto quase sempre responde : “Eu gostava de gerir. Gerir equipas. Acho que tenho o perfil. É o único que sei fazer!”. Não interessa muito qual o objecto a ser gerido para este camaleão da gestão. Predestinados ou não, ou pré-indicados, a verdade é que conseguem sempre aquele emprego em que a “mão não incha”, e o pullover é substituído pela gravata. O objectivo é progredir, ou seja, ter no seu posto um fax, uma fotocopiadora, um telefone e alguém que lhe atenda as chamadas.

Quanto à política, este é um terreno privilegiado para o Cool. As suas ideias podem resumir-se a: "desenvolver a indústria, diminuir o desemprego e melhorar a educação!"Isto na verdade é a totalidade do seu pensamento político. É algo, vago, digamos assim, mas no entanto, isto não inibe o Cool de afirmar que se quisesses seria o próximo presidente da autarquia local, não fosse ele o mais cool, aquele que todos querem e desejam nas festas. Verdade seja dita, este é um indivíduo bastante sociável e alegre, que gosta de abraçar-se repetidamente aos seus amigos, muito pacífico e, não sendo o mais generoso, não se lhe conhecem atitudes rudes e faz tudo pelo grupo.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Burguês

O Burguês é dos portugueses mais portugueses na medida em que a maior partes dos habitantes deste pedaço de terra à beira mar plantado possui vestígios mais ou menos evidentes desta personagem. O Burguês é uma pessoa calma, não gosta de muitos esforços físicos e trabalha entre as 9h e as 17h, por entre cafés e almoços “bem regados”, com tinto ou imperial, como se diz por aqui. A sua forma física tende por isso a “arredondar”, ainda mais após o casamento que tende a acontecer numa idade muito jovem. O casamento é, para além de tudo o resto, garante de comida na mesa, comida na cama e roupa lavada e passada a ferro. Este é um animal tendencialmente machista, amigo dos seus amigos, com quem gosta de partilhar cervejas e visitas a casas de alterne, tipicamente em Espanha, provavelmente pelo preço, o que talvez justifique as afirmações onde diz que a mulher mais cara da sua vida é a que tem em…CASA!

As suas leituras passam quase exclusivamente pelos jornais desportivos; os seus gostos passam pelo futebol e por falar de política, temas que alterna com a maior das facilidades e que são a base do seu conjunto de metáforas e analogias: “Isto da política é como no futebol! Quando está apertado, mete fora!” No entanto, consegue falar de tudo e “sabe tudo”, pelo que é sempre ele, o Burguês, o dono da razão! “Antes de tu nasceres já eu tinha (des)aprendido tudo” é a frase que o caracteriza neste ponto.

Carros grandes à boa maneira freudiana são a sua preferência e possivelmente o único traço de vaidade. Para além disso, é inundado de uma bondade e generosidade imensa e, ao mesmo tempo, inocente pelos seus, que o torna capaz de correr a maratona mesmo tendo a preparação física de um hipopótamo. Esta bondade é estendida ao contacto com os amigos, pela conversa fácil e amigável, e por uma grande prestabilidade. Este é um homem que faz tudo pelos amigos. Um brinde a um bom português...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Português do Séc.XXI


"Poderes ocultos", "vil mentira", "conspiração", "campanha negra"... Estas palavras não são de nenhum ocultista, género prof. Mambo, mas sim do actual primeiro minisitro de portugal, qual D.Quixote de la Mancha a lutar contra moinhos de vento. Relembrando o anterior texto deste blog, "Referências e Referentes", parece que este primeiro ministro padece do mesmo sintoma que foi caracterizado nesse texto, nomeadamente a falta de referências reais para onde apontar, ou seja, anda à nora...

A melhor forma de determinarmos e compreendermos as "Referências e Referentes" que existem ou que estão em falta, é traçar um estereótipo do Homem Português do Séc.XXI. Conhecer os seus padrões de vida, a forma como se relaciona socialmente, os seus hábitos de acasalamento e as suas ambições, permitirá construir uma imagem da matriz social da qual faz parte este "animal" e assim perceber melhor o que está em falta. Os próximos textos serão dedicados a tentar dissecar esta personagem na sua forma mais íntima e pessoal.

Quanto ao primeiro-ministro já aqui falado, verdade seja dita, que referência pode constituir ou ter um primeiro-ministro que fazendo um exame de Inglês Técnico em casa apenas consegue obter a nota 10!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Referências e Referentes

As eleições nos EUA, especialmente através de Obama que fez campanha querendo dar voz à classe média e a um conjunto de valores que ele considera universais, permitiram conhecer vestígios da história e personalidades desse país. O próprio Obama fez referência constante nos seus discursos a personalidades como Lincoln, Martin Luther King, os Founding Fathers (assinantes da constituição americana), Thomas Jefferson, a sua mãe, a sua avó, entre outras, e a valores como os direitos civis, igualdade de oportunidades, ensino, assistência para a terceira, acesso universal aos cuidados de saúde, entre muitos outros referentes que se podiam citar. Não está aqui em causa comentar ou julgar essas referências. A questão importante para nós Portugueses é, quais são as nossas referências e os nossos referentes? Os EUA têm 250 anos de história, enquanto que Portugal já tem mais de 800 anos...

As referências constituem o legado de um povo, de um país, de uma nação...Será que em Portugal esse legado é cuidado? A resposta não é imediata, mas o que é notório de uma forma imediata, é a falta desses pontos no horizonte na vida de muitas pessoas, que crescem e vivem de forma isolada no meio de caminhos nublados e caminhos inexistente. É este o legado que queremos deixar? Talvez seja esta a questão que muitos de nós deveríamos fazer para sairmos das nossas cavernas individuais e acrescentar um pouco mais de nós ao mundo, luzes distantes e ténues na imensidão da escuridão como alguém disse, para que o espaço à nossa volta seja mais completo, mais luminoso.

Por fim, referências físicas existem muitas. Desde estádios de futebol, a estátuas, Igrejas, entre outras. Todas elas têm poder suficiente para atrair as pessoas, as massas à sua volta. No entanto, não são capazes de fazer mexer, rodar as massas...Para isso são precisas REFERÊNCIAS mais fortes!

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Tempo de Viver

Fazendo uma visita a várias livrarias e às suas estantes com os livros mais vendidos, o “TOP 10”, verifica-se que no conjunto destes livros apenas figuram...Romances! Livros escritos por prémios Nobel ou por uma qualquer figura mediática (apresentadores de televisão, actores, etc. ), todos parecem ter sucesso garantido desde que usem uma qualquer receita com romance. Esta característica dos hábito de leitura dos portugueses, juntamente com todas as outras talvez mereça uma análise mais detalhada e aprofundada. Contudo, não é hoje esse o dia.

Uma das questões mais importante para os portugueses e que poucos analisam, refere-se com o tempo e realidade em que os portugueses vivem. São poucos os portugueses que vivem no presente e evitam a doce tentação do imaginário em prol da realidade crua e dura. A maioria vive num tempo ou que já passou ou num tempo imaginário onde são protagonistas de uma realidade também imaginária, distante da verdadeira e sem os chamados problemas. Talvez esteja aqui umas das razões da exclusividade na escolha de Romances, o viver não a vida que se tem mas a vida que se quer.

Se bem que sonhar, idealizar, aspirar, também fazem parte da vida, acrescentando-lhe outras dimensões, convém dizer que mesmo a sonhar o tempo passa e às vezes podemo-nos esquecer de viver...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

É mais fácil ser curioso nos dias de hoje...

Quando era miúdo vivia fascinado com os astros. Os meus pais passavam sempre férias na mesma aldeia da serra de Sintra e aí conseguia ver nas noites de Agosto um céu bem mais rico do que o da sensaborona abóbada celeste lisboeta. A ausência de luzes fortes permitia ver estrelas quase até à linha do horizonte e o nosso satélite ganhava uma nova dimensão e cor. Parecia estar pertíssimo de nós e era amarelo-alaranjado, como se um gigantesco queijo flutuasse logo acima do arvoredo. Não é à toa que chamam a essa serra o "Monte da Lua".

Foi num desses Verões que me pus a tentar saber mais sobre astronomia. Onde estaria Marte nessa noite? Quando e onde se poderia ver o próximo meteoro? A que distância fica esta ou aquela constelação? Ora em meados dos anos 80, com a internet ainda a uma grande distância, um pré-adolescente como eu não iria sair por aí ao encontro de um clube de astronomia com um telescópio debaixo do braço. Tudo o que consegui foram uns binóculos – se os telescópios agora são caros, imaginem na altura – e dois livros sobre o tema requisitados na biblioteca. Se os binóculos com uma modesta ampliação me permitiram ver um céu que não sabia que existia pela enorme quantidade de detalhes e novos astros que se deram a conhecer, já os livros foram uma desilusão. Era impossível compreender o céu daquela noite através deles. Que estrela é aquela a Sul? E aquelas 3 mais brilhantes ao lado? Não conseguia encontrar a resposta nos livros. Talvez estivesse lá, mas para mim era indecifrável aquela conversa sobre a estrela M254, M isto e M aquilo. Uma vez ou outra lá conseguia identificar uma constelação mas acabei por ficar bastante frustrado. Era como aprender a ler a partir de um romance de Saramago. E sem professor....

Hoje, vinte e tal anos depois, muita coisa mudou. A internet ensina-nos a construir telescópios baratos (ora aí está uma actividade estupenda para um pai fazer com um filho numas férias), existem sítios que nos explicam semana a semana o nosso céu e outros que nos ensinam os fundamentos – e não só – da astronomia.

Mas os avanços na divulgação da astronomia vão além do aparecimento de informação no espaço virtual. As Nações Unidas instituíram 2009 como o Ano Internacional da Astronomia (AIA2009), precisamente quando se completam 400 anos sobre as primeiras observações de Galileu com um telescópio. Ao abrigo deste programa iniciaram-se no segundo semestre de 2008 actividades de promoção científica tais como as "Observações Astronómicas". Estas serão reforçadas pelo programa "Ciência Viva" que já existe desde 2002 e que tem permitido aos jovens um contacto interessante com algumas áreas da ciência – Engenharia, Astronomia, Geologia e Biologia. Existe ainda o programa Ciencia Viva nos farois. A propósito deste, aproveito para vos contar que uma vez durante umas férias nos anos 80 quis visitar um farol e...o faroleiro disse que era proibido. Também estas portas se abriram agora.

Duarte Moita