quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Referências e Referentes

As eleições nos EUA, especialmente através de Obama que fez campanha querendo dar voz à classe média e a um conjunto de valores que ele considera universais, permitiram conhecer vestígios da história e personalidades desse país. O próprio Obama fez referência constante nos seus discursos a personalidades como Lincoln, Martin Luther King, os Founding Fathers (assinantes da constituição americana), Thomas Jefferson, a sua mãe, a sua avó, entre outras, e a valores como os direitos civis, igualdade de oportunidades, ensino, assistência para a terceira, acesso universal aos cuidados de saúde, entre muitos outros referentes que se podiam citar. Não está aqui em causa comentar ou julgar essas referências. A questão importante para nós Portugueses é, quais são as nossas referências e os nossos referentes? Os EUA têm 250 anos de história, enquanto que Portugal já tem mais de 800 anos...

As referências constituem o legado de um povo, de um país, de uma nação...Será que em Portugal esse legado é cuidado? A resposta não é imediata, mas o que é notório de uma forma imediata, é a falta desses pontos no horizonte na vida de muitas pessoas, que crescem e vivem de forma isolada no meio de caminhos nublados e caminhos inexistente. É este o legado que queremos deixar? Talvez seja esta a questão que muitos de nós deveríamos fazer para sairmos das nossas cavernas individuais e acrescentar um pouco mais de nós ao mundo, luzes distantes e ténues na imensidão da escuridão como alguém disse, para que o espaço à nossa volta seja mais completo, mais luminoso.

Por fim, referências físicas existem muitas. Desde estádios de futebol, a estátuas, Igrejas, entre outras. Todas elas têm poder suficiente para atrair as pessoas, as massas à sua volta. No entanto, não são capazes de fazer mexer, rodar as massas...Para isso são precisas REFERÊNCIAS mais fortes!

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Tempo de Viver

Fazendo uma visita a várias livrarias e às suas estantes com os livros mais vendidos, o “TOP 10”, verifica-se que no conjunto destes livros apenas figuram...Romances! Livros escritos por prémios Nobel ou por uma qualquer figura mediática (apresentadores de televisão, actores, etc. ), todos parecem ter sucesso garantido desde que usem uma qualquer receita com romance. Esta característica dos hábito de leitura dos portugueses, juntamente com todas as outras talvez mereça uma análise mais detalhada e aprofundada. Contudo, não é hoje esse o dia.

Uma das questões mais importante para os portugueses e que poucos analisam, refere-se com o tempo e realidade em que os portugueses vivem. São poucos os portugueses que vivem no presente e evitam a doce tentação do imaginário em prol da realidade crua e dura. A maioria vive num tempo ou que já passou ou num tempo imaginário onde são protagonistas de uma realidade também imaginária, distante da verdadeira e sem os chamados problemas. Talvez esteja aqui umas das razões da exclusividade na escolha de Romances, o viver não a vida que se tem mas a vida que se quer.

Se bem que sonhar, idealizar, aspirar, também fazem parte da vida, acrescentando-lhe outras dimensões, convém dizer que mesmo a sonhar o tempo passa e às vezes podemo-nos esquecer de viver...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

É mais fácil ser curioso nos dias de hoje...

Quando era miúdo vivia fascinado com os astros. Os meus pais passavam sempre férias na mesma aldeia da serra de Sintra e aí conseguia ver nas noites de Agosto um céu bem mais rico do que o da sensaborona abóbada celeste lisboeta. A ausência de luzes fortes permitia ver estrelas quase até à linha do horizonte e o nosso satélite ganhava uma nova dimensão e cor. Parecia estar pertíssimo de nós e era amarelo-alaranjado, como se um gigantesco queijo flutuasse logo acima do arvoredo. Não é à toa que chamam a essa serra o "Monte da Lua".

Foi num desses Verões que me pus a tentar saber mais sobre astronomia. Onde estaria Marte nessa noite? Quando e onde se poderia ver o próximo meteoro? A que distância fica esta ou aquela constelação? Ora em meados dos anos 80, com a internet ainda a uma grande distância, um pré-adolescente como eu não iria sair por aí ao encontro de um clube de astronomia com um telescópio debaixo do braço. Tudo o que consegui foram uns binóculos – se os telescópios agora são caros, imaginem na altura – e dois livros sobre o tema requisitados na biblioteca. Se os binóculos com uma modesta ampliação me permitiram ver um céu que não sabia que existia pela enorme quantidade de detalhes e novos astros que se deram a conhecer, já os livros foram uma desilusão. Era impossível compreender o céu daquela noite através deles. Que estrela é aquela a Sul? E aquelas 3 mais brilhantes ao lado? Não conseguia encontrar a resposta nos livros. Talvez estivesse lá, mas para mim era indecifrável aquela conversa sobre a estrela M254, M isto e M aquilo. Uma vez ou outra lá conseguia identificar uma constelação mas acabei por ficar bastante frustrado. Era como aprender a ler a partir de um romance de Saramago. E sem professor....

Hoje, vinte e tal anos depois, muita coisa mudou. A internet ensina-nos a construir telescópios baratos (ora aí está uma actividade estupenda para um pai fazer com um filho numas férias), existem sítios que nos explicam semana a semana o nosso céu e outros que nos ensinam os fundamentos – e não só – da astronomia.

Mas os avanços na divulgação da astronomia vão além do aparecimento de informação no espaço virtual. As Nações Unidas instituíram 2009 como o Ano Internacional da Astronomia (AIA2009), precisamente quando se completam 400 anos sobre as primeiras observações de Galileu com um telescópio. Ao abrigo deste programa iniciaram-se no segundo semestre de 2008 actividades de promoção científica tais como as "Observações Astronómicas". Estas serão reforçadas pelo programa "Ciência Viva" que já existe desde 2002 e que tem permitido aos jovens um contacto interessante com algumas áreas da ciência – Engenharia, Astronomia, Geologia e Biologia. Existe ainda o programa Ciencia Viva nos farois. A propósito deste, aproveito para vos contar que uma vez durante umas férias nos anos 80 quis visitar um farol e...o faroleiro disse que era proibido. Também estas portas se abriram agora.

Duarte Moita