quinta-feira, 25 de junho de 2009

OCaus na California – São Francisco

Pousado o avião, tempo apenas para ligar a ignição do carro e viajar de malas e bagagens para São Francisco. São cerca de 33 minutos de viagem por uma daquelas auto-estradadas dos EUA com 6 faixas em cada sentido.

São Francisco aparece primeiro na encosta de uma colina, apenas para mostrar a sua zona industrial, escondendo-se de seguida até reaparecer com os majestosos edifício da zona financeira. A vista torna-se algo repetitivo para quem já viajou para outras cidades nos EUA, já que não é mais que ver mais um skyline de edifícios rectangulares com 30/40 andares de betão armado. A primeira paragem foi numa das muitas docas ao longo do litoral norte de San Francisco, a famosa pier 39, onde se pode encontrar o famoso restaurante Bubba Gump, do filme Forrest Gump, vislumbrar Alcatraz e a ponte Golden Gate ao longe, e observar os leões marinhos que se estabelecem na doca à apanhar Sol e à espera do peixe dos pescadores para comer. Pode-se provar aqui um prato típico americano que não é frito nem feito com carne picada: o white clam, que é uma espécie de creme de mariscos servido numa taça de pão. O pão sabe a plástico, mas valeu o esforço, e dado a ventania constante em San Francisco, um white clam quentinho aquece bem a tripa. Para além disto, acredito que o marisco seja bom.


Acaba-se o marisco e olhando para sul, fica claro que San Francisco é uma cidade de altos e baixos. No entanto, nesta cidade há pessoas que estão claramente em alta, ou pelo menos mais em alta que as outras pessoas, a julgar pela grande quantidade de bandeiras de orgulho gay, maiores que as bandeiras americanas, penduradas em todos os edifícios das principais avenidas, e pelos cartazes de anúncios em autocarros e afins, de desodorizantes mostrando homens e seus boyfriends. Não percebi se o desodorizante anunciado era masculino ou feminino. A propósito, quem estiver interessado(a), este sábado 27 de Junho, vai decorrer em San Francisco mais uma Gay Parade. Quem gostar de ver homens nus numa cidade ventosa a exibirem-se venha até cá. OCaus irá fazer reportagem noutro sitio, mais a Sul em LA.


(Dia 2)


Não existe verdadeira experiência americana sem experimentar ser parado pela polícia americana. Aqueles que julgam que auto-estradas e avenidas de 6 faixas dá para fazer tudo, desenganem-se, pois a polícia, ao contrário de Portugal onde se viaja do Minho ao Algarve sem ver um polícia, patrulha tudo e é frequente ver carros a serem parados na auto-estrada pela polícia. Para todos aqueles que sejam parados pela polícia americana, é “importante” que mantenham as mãos no volante até o agente chegar ao carro e não façam nenhum movimento com as mãos sem a autorização deste, já que se repararem a sua mão está sempre no coldre, aberto, pronto para sacar da arma. Neste caso, houve apenas reprimenda pela infracção e o juramento:”While you are in the US, you must obey the US law, otherwise….”



domingo, 21 de junho de 2009

OCaus na Califórnia – Perseguindo a Noite

Oceano Atlântico, 20 de Junho de 2009

 

Neste momento são 13 horas segundo o relógio do meu laptop. Perdão! Parece que passámos mais um meridiano e já só 11horas…Sob céu diurno, sobre o Oceano Atlântico Norte e em perseguição da sombra da noite que se encontra umas horas à nossa frente progredindo lentamente para Este, aqui começa o relato da viagem que vai levar “OCaus à Califórnia”. A bordo de um boeing 777 e a uma altura de 32000 pés (cerca de 10km), OCaus progride a uma velocidade de 536 Milhas/h em direcção ao seu destino, São Francisco, Califórnia. Eram 10h53m quando o avião descolou desde o aeroporto de Heathrow em Londres para uma viagem de 5360 milhas que deve demorar 11 horas.

 

O titulo deste relato, “OCaus na Califórnia”, começa a parecer-me desactualizado, dado as complicações para embarcar. Entre questionários online*, formulários, perguntas dos assistentes de bordo, já tive que responder 3(!) vezes à pergunta: ”Are you a terrorist?”. Questiono-me de imediato se realmente conseguirei levar “OCaus à Califórnia”? Afinal os EUA são, desde o final da Segunda Guerra Mundial, o país que mais semeia o “CAUS” por esse mundo fora, entre guerras, colapso financeiros, patrocínios de revolução, tudo em nome de uma “Ordem “mundial.

 

Freud quando entrou pela primeira vez nos EUA e questionado pelos serviços alfadengários se transportava algo de perigoso, nocivo com ele, respondeu: “Trago-vos a peste”. Aqui a peste era a psicanálise, o pensamento abstracto para uma cultura em que o imediato e material é extremamente importante. O relevente aqui é a reacção temerária face a culturas, pensamentos desconhecidos que Freud sabia que ia provocar e que se verificou muitas vezes ao longo da história noutras escalas.

 

(13h26m ou 11h26!)

 

Oiço Tom Jobin e Elis Regina, música suave de melodia doce para tentar harmonizar o meu pensamento com essa realidade dura que são as palavras. Ainda mais a 11km de altura com a pressão a fazer nos meus canais perinasais. Mozart uma vez disse:”Tive a inspiração até que, eis que chegaram as palavras!”.

 

Voltemos ao “Caus”, neste caso, ao Caus do meu estômago depois da refeição a bordo. Questiono como é que um país que consegue fabricar mísseis balísticos, que se lançados desde Londres conseguem atingir o pára-raios do Empire State Building com uma precisão inferior ao diâmetro um cabelo humano, não consegue cozinhar uma refeição nutritiva e saborosa? O tomate sabia à salada, a salada, sabia a cenoura, a cenoura sabia a batatas, as batatas sabiam ao frango, e o frango sabia a peixe. É uma arte pelos visto ao alcance de poucos. No entanto, verdade seja dita, esteve bastante bem comparativamente a outras. Apenas pretendo ser exigente com quem posso sê-lo.

 

Voamos sobre a Islândia. A paisagem cá em cima continua celestial mas o sono não aparece!

 

(??h##m)

 

Depois de uma pequena sesta, lancho o pequeno almoço “roubado” do hotel e aproveito para escrever mais umas linhas a 906 Km/h para assim satisfazer os meus milhões de leitores, ávidos de deliciarem-se com as minhas narrativas.

 

Tento traçar um plano de viagem, tal a imensidão do trajecto e a dificuldade de espalhar e pregar OCaus. O objectivo é começar em São Francisco, percorrer a Golden Gate a pé, acampar com os ursos a Este em Yosemite, descer para Sul ao longo das praias até Los Angeles e San Diego, retornar a Norte passando por Las Vegas para apostar umas 1 conto de rés,  perder-me Grand Canyon e semear coentros e salsa no Death Valley. Se ainda houver força, passar por Napa, zona de vinhos a Norte de San Francisco, para provar os “esquisitos” vinhos californianos.

 

Apenas 2 semanas para cumprir este percurso do qual tentarei aqui dar conta tanto quanto possível.

Entretanto a noite continua inalcançavel. Não há rasto dela ou da sua penumbra.

 

(14h)

 

Aterragem no aeroporto internacional em São Francisco. O boeing desceu 36 mil pés em 10 minutos e aterrou numa pista que entra pela baía de São Francisco adentro. Os últimos quilómetros antes de chagar à pista são percorridos a uma dezenas de metro da água. Parece que vamos aterrar na água mas não!

 

Próximo capítulo: São Francisco

*Para viajar para os EUA, para além do passaporte electrónico e de fornecer a morada de destino nos EUA, é necessário preencher um formulário que está disponível on-line e guardar a referência desse formulário antes de partir, caso seja requerida pelos serviços de imigração americanos na alfândega