sábado, 3 de março de 2012

Vidas dos nossos dias - Capitulo I: " O Inicio"

Levanto-me…Haverá algum som que fique bem num despertador?
São 5.30 da manhã de mais uma segunda-feira em que me espera mais uma viagem de
avião para ir trabalhar…O sono não se quer ir embora mas lá venço o corpo e
deixo o calor da cama.

Não deixa de ser assinalável que, num país em que a população
está concentrada em parte porque todos querem estar perto do trabalho, que haja
pessoas que todas as semanas viagem pela europa fora para fazer aquilo que cada
vez é mais difícil em Portugal e que é…trabalhar!
O táxi aparece à porta como sempre e no caminho vejo mais um
nascer do sol. Um das vantagens desta rotina. Penso no número de pessoas que
passam pelos dias e pela vida sem ver um nascer do sol e digo para mim: “Que desperdício
de vidas”!

Faço parte de um grupo de pessoas que é emigrante durante a semana
e turista em Portugal aos fins-de-semana. Todas as segundas-feiras viajo para
Dusseldorf, no Noroeste da Alemanha, onde consegui um contrato para trabalhar
como freelancer de IT numa empresa multinacional. Nunca como neste tempo, a
célebre frase de Sócrates, “ Sou um cidadão do mundo”, fez tanto sentido.
Sócrates proferiu a frase para escapar às acusações de que era alvo. No meu
caso, uso-a para escapar à angústia de estar em todo o lado mas não pertencer a
lado nenhum.

Começo a ver os aviões a sobrevoar a cidade…Chego
ao aeroporto. Sempre quis viajar à Lua, mas à verdade é que não gosto de viajar
de avião. Não tenho alternativa de momento às viagens de avião. Apenas mais um obstáculo
do dia-a-dia que tem que ser superado. De certeza que a vida no paraíso, onde
não deve haver os ditos obstáculos, deve ser aborrecida.