segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Belgium – Emotional Side Story (Part I)

I leave this testimony to my Belgium friends as an appreciation for my year living in Belgium. Although Belgium is perceived and often described by me, as a non-emotional, lack of spark country, the truth is that I lived quite a few emotional times during this year. I cannot deny that the person that arrived to Belgium is not the same person today, meaning that the experience lived was not personally irrelevant. I will try to compile in a few texts my personal view on the country and persons, trying to be what this country is proven to be: fair.

The first thing I would like to say is that I don’t have many Belgian friends, although this text is mainly for them. There are two reasons for that: 1) the large number of expatriates living on the main Belgian cities (e.g., Brussels has 183 nationalities), makes them the first point of contact to meet new people; 2) the nature and routine of Belgian people makes it difficult to deepen new relationships. However, when the “wall of rationality” build by the Belgians is overcome, simple friendships can be easily built. After all, here all it takes is a few beers and some frituur to make a long lasting conversation.

Usually I’m questioned about if Belgium is indeed two countries in one, due to this dutch-french influence. I agree there is a bit of truth on that. However, I prefer to think differently: it is admirable that such a small country without major cities to where the nation culture can converge was able to maintain an identity, being a surrounded by three of the majors and most dominants countries of Europe across history: France, Germany and Netherlands. If still exist as country, then is because it has something that differentiates it from the countries I mentioned above. It is true that nothing screams and shouts “Belgium” over here, however there are a few things which strongly and clearly mark this territory and separate it from its neighbors.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Noruega - Dia 2


Acordei na manhã seguinte a ter chegado a Oslo com a sensação de ter sido roubado na noite anterior. Depois de ter chagado à estação de Oslo as 0h30m e de andar perdido nas ruas de Oslo com uma temperatura  0  graus, decidi apanhar um táxi para o Hotel. O motorista disse que eram apenas 4 minutos de viagem. E assim foi. Resultado: 177 NOK (coroas noruguesas), ou seja, 23 euros! Como bom português pensei logo em enganar alguém para recupear do roubo! Mas na verdade, já sou um português de uma geração mais trabalhada, e aceitei as responsabilidades pelo roubo.

O dia começou com um passeio pelas ruas de Oslo sugerido pela recepionista  «sem espaço para mais tatuagens» do hotel. Um verdadeiro monumento de arte pós moderna! Oslo é uma cidade um pouco mais aborrecida que a recepcionista, sem muita côr, com uma arquitectura muito simples, onde o funcional predomina sobre a beleza, típico  das cidades do Norte da Europa. A marina revela-se o local mais interessante, com a dinâmica da multidão sedenta de Sol e a vista sobre as montanhas geladas que rodeia a cidade. É aqui que se situam dois dos edíficos mais emblemáticos de Oslo: ao edífico da Ópera e o Nobel Peace Price Center, onde é entregue o prémio Nobel da Paz.

Tinha combinada encontrar-me com a minha colega de viagem nesse mesmo dia na estação de Oslo. E assim foi. Nessa mesma tarde, apanhámos o comboio para Bergen. O trajecto de comboio Oslo-Bergen demora cerca de 7 horas, e é considerado por muitos o trajecto de comboio mais bonito do mundo. Foi aqui que foram filmadas as cenas de viagens de comboio dos filmes Harry Potter. Na verdade, a viagem faz jus à sua reputação. Depois de sair das zonas urbanas, o comboio penetra de frente em montanhas agresestes semi-desertas, contornando vários lagos e oferendo panorâmicas de uma natureza gigante e virgem, que não se encontram no Sul da Europa.  A paisagem é claramente hostil à vida humana, com temperaturas muito negativos e um relevo de dificil domínio por parte do Homem.

Nas 7 horas de viagem são poucas as aldeias que encontramos, quase todas cobertas pela neve e sem estradas vísiveis. São zonas frequentadas por amantes do esqui. São muitos os esquiadores, solitários e em grupo, que entram e saiem do comboio à medida de que o comboio vai parando. A dureza do terreno e o isolamento que as pessoas são submetias, ajuda a explicar as feições agressivas das pessoas nesta região e a sua atitude rude e individualista. Aqui ninguém diz «Bom dia» ou sorri por simpatia ou pratica actos de cavalheirismo . São actos irrevelantes para a sobrevivência física, prioritária face à sobrevivência social.

Passadas 7 horas sem grande esforço ou desgaste, o comboio chega a Bergen, segunda cidade e antiga capital da Noruega, situada na costa Oeste do país.
O dia seguinte será o da visita aos fjordes.

domingo, 7 de abril de 2013

Nesta


Longe vão os dias em que julgava que conseguia mudar o mundo através das palavras. No entanto ha historias que merecem ser contadas, e essas sim, podem mostrar que a mudança e possível...

Esta historia aconteceu num dos meus muitos voos. Tinha descolado de Lisboa em direção a Bruxelas. Depois de tantos voos, o conhecer das pessoas que se sentam ao meu lado já não se afigura tão interessante assim como no inicio. Desta vez foi diferente. Lembro-me que so dei por isso meia hora depois de descolarmos e de controlar os meus receios...
O avião já tinha atingido velocidade de cruzeiro, e ao meu lado estava um rapaz de cor que aparentemente viajava sozinho, que não devia ter mais de 12 anos. Perguntei se estava bem e se viajava sozinho. Ele respondeu, em Inglês, que estava bem e que viaja sozinho desde o Gana, tendo feito escala em Lisboa. Já ia portanto com mais de 10 horas de viagem. Continuou a falar e perguntou –me se já tinha viajado de avião antes, ao que eu respondi “umas 500 vezes”. Suspirou de alivio, e disse que se sentia melhor por viajar ao meu lado, uma vez que eu já tinha viajado tanto. Nesse momento engoli coragem e esqueci todas as crises de voar para dar dar segurança ao rapaz. De seguida, contou-me a sua historia: chamava-se Nesta, tinha 12 anos, era a primeira que voava, e ia ter com a a sua mãe que vivia na Bélgica, e a qual não via desde 2007 (6 anos portanto). Atrás deixava o seu pai, tio e irmão com quem vivia. Segundo me contou, a sua mãe passou dois anos a juntar dinheiro para o trazer para a Bélgica. O seu pai era pescador e o seu tio era sapateiro e também tinham ajudado para a viagem. Para quebrar os pensamentos saudosistas,perguntei o que o que queria ser quando fosse grade: “Piloto”, respondeu.Achei curioso, e como tal, chamei a assistente de bordo, e sem ele saber, pedi a assistente para que o levasse ao cockpit. Contei-lhe a historia do miúdo, e ela, depois de confirmar com o comandante, chamou o Nesta e la o levou. Eu pensei, em 500 viagens, nunca fui ao cockpit...

Passado meia-hora o rapaz voltou contente como ate ai não o tinha vista...Contou-me que tinha mexido nos comandos do avião, eu cheio de inveja fiquei: C***, pensei! Sentindo a necessidade de me compensar, tirou a mochila que tinha debaixo do banco. Referiu que tudo o que trazia consigo estava naquela mochila. Ou seja, ele ia fazer 20.000 Km, mudar de pais de vida, e trazia uma mochila, e eu, que viajava por 1 semana, trazia uma mochila e um trolley no porão! 
Abriu a mochila e tirou tudo o que tinha: uma sandes, umas sandálias de couro feitas pelo tio, um pullover e uma bíblia. Perguntou se eu acreditava em Deus. Eu disse que acreditava na existência de algo mas que não sabia o seu nome. De seguida, pediu-me para eu ficar com a bíblia. Recusei a oferta dizendo, que ele tinha de acabar de ler aquela bíblia e depois continuar e ler todas as outras, para um dia escrever a sua própria, tal como eu tento fazer. Guardou a biblia, e mostrou-me as sandálias. Eram pretas e como todas as sandálias, eram abertas. Disse-lhe que eram bonitas mas que, infelizmente, na Bélgica nas as poderia utilizar muito porque estava a nevar. De repente, os olhos abriram-se de espanto, e disse que nunca visto neve. A partir dai, colou o seu olhar na janela a espera de ver a dita neve. Mostrei-lhe o mapa do mundo, e apontei no mapa o trajecto que ele tinha feito. Expliquei que quanto mais para Norte, mais frio. Ele já não se importava, ja so queria ver a neve.

No fim, aterramos em Bruxelas, com o aeroporto coberto de neve, e o Nesta agradeceu-me por tudo como se eu fosse um feiticeiro que tivesse feito nevar. Acabou por ser levado pelos serviços de assistência e eu já não vi o reencontro com mãe. Deixou-me um papel com algumas palavras escritas no dialecto da aldeia, que ainda guardo. O que mais me marcou, foi ver um rapaz de 12 anos que apesar, do que estava a viver, nunca esboçou um sentimento de tristeza, magoa, infortúnio ou arrependimento. O seu sorriso apenas mostrava a alegria e coragem de quem vê o mundo pela primeira vez. No fim do dia, todos as preocupacoes que tinha desaparecerem, pois na verdade, são insignificantes quando comparadas comparadas com a alegria viver.

PS: em Portugal queixam-se do que mesmo?

sexta-feira, 29 de março de 2013

Noruega - Dia 1


A viagem para Oslo começa em Beerse, pequena vila no Norte da Bélgica, junto a fronteira com a Holanda, na sede da empresa onde presto servico. São cinco da tarde e depois de 2 dias de sol tímido, o Inverno volta a mostrar que não esta acabado e recomeça a nevar. Estamos em Marco e este foi o Inverno mais duro desde 1953.
O trajecto começa com uma viagem de carro na companhia do Steve que, generosamente, alterou o seu percurso para me levar ate a estacao de comboios em Breda, cidade holandesa junto a fronteira belga. O steve tem a curiosidade de ser filho de pai holandês, mãe inglesa, trabalhar na Bélgica, residir no reino Unido e pagar impostos no Estados Unidos. A bagageira do carro, em vez de bagagens, vai completamente preenchida por garrafas de cerveja belga! As bagagens são despromovidas para o assento de trás. A viagem dura cerca de quarenta minutes e fala-se dos bancos, emprego na Europa ou a falta dele, e de Beerse, essa vila Agrícola de difícil acesso que sem sabermos qual o motivo divino, foi colocada no caminho das nossas existências.

A entrada da Holanda e notada porque a Estrada deixa de ter solavancos. A Bélgica tem das piores estradas que ja vi. Ao inicio ainda pensei que os veículos na Bélgica tivessem todas quadradas! Passados alguns minutes depois de entrar na Holanda chego a Breda, cidade tipicamente Holandesa, que visitarei outro dia e onde vou apanhar o comboio para o aeroporto de Amsterdao.

(15 minutos de sono pesado).

Chego ao aeroporto de Amsterdao 50 minutos depois de sair de Breda e o cansaço atingi-me. Filas intermináveis, procedimentos de segurança, esperas…O ritual cansa-me cada vez mais, e no meio de tanta gente desconhecida, acuso a distancia que me separa de casa. Depois de ter estado em 7 países no últimos 2 meses, a distancia torna-se cada vez maior, não porque o numero de quilómetros seja maior, mas porque o desprendimento da terra vai acontecendo naturalmente, ate provocar a sensação que o chão se move e foge por baixo de nos. Nesses momentos de fraqueza agarro-me as memorias mais fortes, as da infância, para recordar-me de quem sou e de onde venho! De repente, volto a sentir o chão debaixo dos pés…

A viagem de avião Amsterdao para Oslo dura 1h30m a bordo de um boeing 737-800 da Norwegian Airlines, equipado com Wireless, que e onde escrevo este relato! Não gosto de viajar de avião, já há muito que perdi o prazer, mas procuro que essa fraqueza não seja obstáculo para atingir os meus objectives e sonhos. Afinal de contas os medos e os receios também fazem parte da vida, e aprender a conviver com eles, por mais ridículo que por vezes sejam os nossos comportamentos para permitir essa coexistência, e sinal de coragem e determinação. 

O programa da viagem já esta feito ao contrario do que e habitual em mim: chegada a Oslo, onde pernoito uma noite, e no dia seguinte, vou apanhar o comboio em direção Bergen, na costa Oeste da Noruega. Para quem não saiba, o percurso Oslo-Bergen de comboio e considerado por muitos, o mais bonito do mundo. As expectativas são altas, ate porque este ano já viajei de comboio na Suica, pelo meio de Alpes e lagos. Nãoserá fácil superar. Chegado a Bergen irei fazer o percurso dos fiordes de comboio e de barco, e no dia a seguir regresso a Oslo de avião. O resto da viagem será para conhecer Oslo.