Acordei na manhã
seguinte a ter chegado a Oslo com a sensação de ter sido roubado na noite
anterior. Depois de ter chagado à estação de Oslo as 0h30m e de andar perdido
nas ruas de Oslo com uma temperatura 0
graus, decidi apanhar um táxi para o Hotel. O motorista disse que eram
apenas 4 minutos de viagem. E assim foi. Resultado: 177 NOK (coroas
noruguesas), ou seja, 23 euros! Como bom português pensei logo em enganar
alguém para recupear do roubo! Mas na verdade, já sou um português de uma geração
mais trabalhada, e aceitei as responsabilidades pelo roubo.
O dia começou com
um passeio pelas ruas de Oslo sugerido pela recepionista «sem espaço para mais tatuagens» do hotel. Um
verdadeiro monumento de arte pós moderna! Oslo é uma cidade um pouco mais
aborrecida que a recepcionista, sem muita côr, com uma arquitectura muito
simples, onde o funcional predomina sobre a beleza, típico das cidades do Norte da Europa. A marina
revela-se o local mais interessante, com a dinâmica da multidão sedenta de Sol
e a vista sobre as montanhas geladas que rodeia a cidade. É aqui que se situam
dois dos edíficos mais emblemáticos de Oslo: ao edífico da Ópera e o Nobel Peace Price Center, onde é
entregue o prémio Nobel da Paz.
Tinha combinada
encontrar-me com a minha colega de viagem nesse mesmo dia na estação de Oslo. E
assim foi. Nessa mesma tarde, apanhámos o comboio para Bergen. O trajecto de
comboio Oslo-Bergen demora cerca de 7 horas, e é considerado por muitos o trajecto
de comboio mais bonito do mundo. Foi aqui que foram filmadas as cenas de
viagens de comboio dos filmes Harry
Potter. Na verdade, a viagem faz jus à sua reputação. Depois de sair das
zonas urbanas, o comboio penetra de frente em montanhas agresestes semi-desertas,
contornando vários lagos e oferendo panorâmicas de uma natureza gigante e virgem,
que não se encontram no Sul da Europa. A
paisagem é claramente hostil à vida humana, com temperaturas muito negativos e
um relevo de dificil domínio por parte do Homem.
Nas 7 horas de
viagem são poucas as aldeias que encontramos, quase todas cobertas pela neve e
sem estradas vísiveis. São zonas frequentadas por amantes do esqui. São muitos
os esquiadores, solitários e em grupo, que entram e saiem do comboio à medida
de que o comboio vai parando. A dureza do terreno e o isolamento que as pessoas
são submetias, ajuda a explicar as feições agressivas das pessoas nesta região
e a sua atitude rude e individualista. Aqui ninguém diz «Bom dia» ou sorri por
simpatia ou pratica actos de cavalheirismo . São actos irrevelantes para a
sobrevivência física, prioritária face à sobrevivência social.
Passadas 7 horas
sem grande esforço ou desgaste, o comboio chega a Bergen, segunda cidade e
antiga capital da Noruega, situada na costa Oeste do país.
O dia seguinte
será o da visita aos fjordes.